domingo, 17 de setembro de 2017

Homo Deus, de Yuval Noah Harari

Homo Deus, uma breve história do amanhã é o segundo livro de Yuval Noah Harari, mesmo autor de Sapiens - uma breve história da Humanidade, já comentado neste post. Enquanto o livro anterior buscava explicações para a história da humanidade, este se propõe a explicar como será nosso futuro.

Na prática o livro é dividido em 3 blocos: os dois primeiros funcionam como um complemento ao livro Sapiens, exploram mais alguns tópicos que foram ali citados e não empolgam tanto, pra quem leu o primeiro livro, como este o fez. Não são capítulos que não mereçam ser lidos, certamente trazem muita informação interessante, mas a melhor parte está no terceiro bloco, que fala do futuro.

O livro aborda questões relacionadas à fome e à obesidade, comparando suas consequências e o número de mortes causadas por cada uma delas, na sociedade atual. Compara ainda estes dados com as atuais guerras, não sem antes falar sobre como cada um destes tópicos se comportou no passado.

E como fez no livro anterior ele trata alguns temas muito espinhosos, ligados a religião, que fazem o estômago revirar. Mas dá pra relevar estes temas pois o livro acaba sendo muito maior do que isto.

E impressiona a visão do autor de como será nosso futuro. Algumas perguntas que ele tenta responder: como se comportará a expectativa de vida da população em geral e das classes sociais mais favorecidas? seu emprego atual ainda existirá daqui a 20 anos? o que o desenvolvimento da inteligência artificial pode fazer conosco?

São temas como estes que tornam este segundo livro muito valioso, que entra também na categoria dos imperdíveis. E desta vez foi um livro que li em papel e não no Kindle, pois foi presente de um amigo - o mesmo que me indicou o livro anterior, Sapiens.

Boa leitura.
Abraços,

Henri Coelho


domingo, 23 de abril de 2017

A Cidade dos Espelhos, de Justin Cronin

Terminei hoje a leitura do terceiro livro da trilogia A Passagem, de Justin Cronin, chamado A Cidade dos Espelhos. A trilogia é excelente e agora, finalmente, está encerrada, 6 anos depois do lançamento do primeiro livro. O primeiro livro chama-se A Passagem, e o segundo livro chama-se Os Doze.

Este terceiro livro é uma continuação do segundo, e vale a pena ler a trilogia inteira. No primeiro livro é mostrada uma destruição em massa dos habitantes do mundo todo por conta de um novo vírus, que transforma as pessoas em predadores com força física muito superior à humana. No segundo livro há uma batalha visando o extermínio deste vírus, e o terceiro tem o desfecho final da aventura.

A maior parte da ação do livro se passa nos Estados Unidos, mesclando fatos do passado, de uma época parecida com a presente e fatos narrados num futuro muito distante. A descrição de uma Nova York completamente abandonada, sendo tragada de volta por uma floresta, ao mesmo tempo em que os principais prédios são preservados, é muito interessante.

A atenção especial é voltada para a estação central de NY, com um grande relógio de 4 faces e um teto com a imagem representando um céu invertido.

Na Internet é citado que o primeiro livro teve os direitos adquiridos pela Fox para ser transformado numa série. Os livros tem um tamanho considerável (a trilogia toda ultrapassa 2 mil páginas) e material abundante para ser transformado em série com muitas temporadas.

Já tinha escrito, anteriormente, sobre o segundo livro da série, Os Doze. Só lamentei o fato de ter demorado tanto tempo entre as duas leituras que alguns detalhes me escaparam no início deste terceiro livro, mas isto foi recuperado no decorrer da leitura.

Abraços,

Henri




terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

As críticas e os spoilers

É muito interessante a função de um crítico de cinema, tv ou livros: ter que analisar diversos trabalhos num espaço curto de tempo e emitir, sobre eles, uma opinião que pode levar mais ou menos pessoas a se interessarem por aquela obra.

No entanto estes críticos deveriam seguir uma regra, que se não existe está sendo proposta aqui: qualquer revelação acerca do enredo, das personagens, dos acontecimentos, das cenas e de tudo mais que cerca o objeto da crítica não deveria expor o que acontece depois de, por exemplo, os primeiros 10% ou 20% do conteúdo.

Muitas vezes deixo de ler estas críticas por esta razão, as vezes prefiro me arriscar em algum filme, por exemplo, sem saber nada do que se passa nele, e muitas vezes isto é péssimo, pois acabo vendo coisas que não tem nada de interessante. Mas muito pior é assistir a algo que alguém lhe diz o que vai ocorrer e seu cérebro fica esperando que aquilo ocorra, sem prestar a devida atenção no resto ou sem considerar o que está assistindo ou lendo com alguma surpresa, pois sabe o que vai ocorrer à frente.

E isto ocorreu novamente na semana passada: o jornal Valor Econômico tem um caderno que é encartado às sextas-feiras chamado Eu & Fim de Semana, onde são apresentadas reportagens especiais, normalmente uma boa entrevista com alguma personalidade de destaque, alguns artigos e críticas de filmes, livros, cds e séries.

E na última sexta-feira havia uma crítica a uma série, da Netflix, chamada OA, que tem apenas 8 capítulos e, por enquanto, 1 temporada. A crítica dizia que a série tinha altos e baixos, lembrava outra série da mesma empresa, chamada Stranger Things, que teve boa repercussão recentemente, porém citava que era uma série para adultos.

A série mostra uma jovem, cega, que desapareceu, e que cuja família tentou, de várias maneiras e com boa repercussão na imprensa, encontrá-la, sem sucesso. E esta jovem reaparece, depois de 7 anos, numa ponte, parando o trânsito e aparentemente desorientada, com várias pessoas filmando em seus celulares, até que pula no rio e vai parar num hospital, onde a família a acaba encontrando. E com alguns detalhes interessantes: ela possuía várias cicatrizes nas costas e não estava mais cega.

Todo o enredo acima, que serve para atrair quem possa se interessar pela série, cobre os primeiros 5 a 10 minutos da trama. A série fala também de experiências de quase morte - aquelas pessoas que tiveram paradas cardíacas e respiratória e que conseguiram ser ressuscitadas a tempo - de uma forma bem interessante, o que também vale citar no mesmo contexto.

E o que fez o brilhante crítico de séries do Valor Econômico: uma crítica maior (ocupava 3/4 de uma página pequena, pois neste encarte as páginas são menores, e este espaço incluía uma foto dos protagonistas) e com boas revelações sobre o enredo, do tipo estraga-prazeres ou spoiler, como é conhecida atualmente. E a pérola final: sabe qual a cena que ele descreve na crítica? A última cena do último episódio desta temporada, por enquanto, única da série.

Para mim isto passa de qualquer limite aceitável. Embora, como disse no início, ache muito interessante o trabalho dos críticos, neste caso o texto estava abaixo da crítica.

E, sobre a série, gostei do seu conteúdo, acabei assistindo com meu filho durante o final de semana e vale bem a pena. Se eu não soubesse de antemão qual a última cena talvez gostasse ainda mais.

Abraços,

Henri Coelho